domingo, 14 de junho de 2009

ILHA DAS FLORES: SÍMBOLO DO DESEQUILÍBRIO CÓSMICO


para saber mais sobre o diretor JORGE FURTADO:
http://www.casacinepoa.com.br/index.htm

Hoje, quase todo mundo que vive nos centros urbanizados do Ocidente sente intuitivamente a falta de alguma coisa na vida. Isto deve-se diretamente à criação de um ambiente artificial de onde a natureza foi excluída ao limite máximo possível. Mesmo o homem religioso, em tais circunstâncias, perdeu a noção do significado lógico da natureza. (...) Que se destruiu a harmonia entre homem e natureza é um fato que a maioria das pessoas admite. Mas nem todos percebem que este desequilíbrio se deve à destruição da harmonia entre o homem e Deus.(...) É esta razão porque se faz necessário começar nossa análise ocupando-nos primeiramente das ciências naturais e dos pontos-de-vista que dizem respeito ao significado filosófico e teológico das mesmas e, a seguir, das limitações a ela inerentes – e que são responsáveis pela crise que a aplicação e aceitação da visão de mundo destas ciências trouxeram ao homem moderno.
Seyyed Hossein Nasr, in O HOMEM E A NATUREZA



a história

A história de Ilha das Flores se dá, à princípio, numa plantação de tomates e tem como protagonista – pasmem vocês – um tomate. É em torno do tomate que o enredo da história gira, mostrando os sucessivos personagens que vão se relacionando com o mesmo e que dão uma desenvoltura toda própria a história. Ele é o elo de integração com os outros personagens do drama e, por isso, ora na sua versão madura, ora na sua versão estragada, vai compondo um refrão que, de repetição em repetição, dá uma cadência melódica muito especial à narrativa.
Eis os “grandes personagens” que participam deste enredo:

1) o Tomate plantado em Belém Novo, município de Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, no extremo sul do Brasil, na latitude: 30:12:30 sul e longitude 51:11:23 oeste e que, diferentemente das baleias, galinhas e japoneses, é um vegetal, cultivado pelos humanos como alimento desde 1800, sendo que o planeta já cultiva 61 milhões de tomates por ano;

2) o Sr. Suziki, o plantador de tomates, japonês, que se distingue pelo formato dos olhos, pelos cabelos pretos e pelo nome característico, e que como todo ser humano é um mamífero, bípede, mas que se difere das baleias e das galinhas por ter o teleencéfalo altamente desenvolvido e um polegar opositor, sendo por isso mesmo capaz de processar e armazenar inúmeras informações e também de manipular objetos pequenos com muita precisão, sendo que qualquer ação ou objeto produzido pelo ser humano é fruto da conjugação deste dois fatores, isto é, do teleencéfalo altamente desenvolvido e do polegar opositor;

3) o Dinheiro, iniciativa provável de Giles, Rei da Lídia, grande reino da Ásia menor que no século VII AC viu-se diante da dificuldade de manter o sistema de troca direta de produtos, já que se tornava cada vez mais inviável pesar o número adequado de tomates na troca por uma galinha ou o número adequado de galinhas na troca por uma baleia; situação, esta, que acabou gerando, mais tarde, os Supermercados, onde os produtos são trocados por dinheiro e vice-versa;

4) a Dona Anete, bípede, mamífero, católico-apostólico-romano, que tem também o teleencéfalo altamente desenvolvido e um polegar opositor e é, por isso mesmo, um ser humano, que troca seu dinheiro por tomates no supermercado, sendo seu dinheiro obtido pela margem de lucro de uma outra troca que realiza com uma fábrica de perfumes, de quem compra seus produtos e passa, por sua vez, a trocá-los por dinheiro através das visitas que realiza de porta em porta, sendo também quem compra o tomate para fazer molho para sua carne de porco comprada também no supermercado;

5) o Porco, mamífero tal como a baleia, porém quadrúpede, e que serve como alimento para japoneses, católicos e outros seres humanos, exceto para judeus, e que não tem o teleencéfalo altamente desenvolvido e sequer um polegar, que dirá opositor;

6) o Lixo, onde o porco habita e mora e para onde um dos tomates sem condição de virar molho foi endereçado, sendo um lugar longe para onde todos os produtos de origem orgânica e inorgânica são destinados para livremente cheirarem mal, sujarem e atraírem doenças de todos os tipos que acabam prejudicando o bom funcionamento dos seres humanos, sendo que uma população como a de Porto Alegre (que é de 1 milhão de habitantes) produz 500 toneladas de lixo por dia, e sendo todo este empreendimento fruto também da conjugação do teleencéfalo altamente desenvolvido e do polegar opositor do ser humano, muito embora este lixo fique num terreno que tem um dono e que, apesar de possuir também o teleencéfalo altamente desenvolvido e um polegar opositor, tem – também - dinheiro, que troca com mulheres e crianças que, apesar de possuírem também o teleencéfalo altamente desenvolvido e um polegar opositor, não têm dinheiro e nem dono e que, por isso, em grupo de dez, têm cinco minutos para atravessar o cerco em torno do lixo e catar os alimentos – e os tomates – que foram considerados impróprios para a alimentação dos porcos mas que, agora, estão disponíveis para a alimentação delas.

A maneira com que acabo de apresentar os personagens procura reproduzir o mesmo tom enciclopédico e pedagógico com que a história é narrada em off pelo ator Paulo José, e que dão ao filme uma certa atmosfera de documentário, quebrada repetidas vezes por tiradas de ironia e graça que vão subterraneamente se transformando numa espécie de piada inusitada e macabra, embalada por diversas intervenções musicais inspiradas na obra de Carlos Gomes O Guarani.

Digo piada inusitada e macabra porque este lugar para onde o tomate do início da história é levado para livremente apodrecer e cheirar mal (visto que não serve de alimento para a Dona Anete e a sua família e nem para o porco e para a família do porco, se tornando no entanto o alimento de mulheres e crianças que não têm dinheiro e nem dono) se chama Ilha das Flores: uma lixeira a céu aberto que fica numa ilha, numa porção de terra à parte do continente, onde a ordem natural das coisas se processa de uma maneira completamente inversa e quase que avulsa.

Literalmente, é disto que o filme trata: da inversão de uma ordem natural, a ponto dos seres humanos ficarem abaixo dos porcos na prioridade da escolha de alimentos. E, é claro, na escala de vida. Afinal, já há pessoas que estão vivendo pior do que os porcos.

a maneira como a história é contada

No entanto, o que mais impressiona o espectador ao longo da projeção de todo o filme é a maneira como ele é narrado e contado: ao se apresentar o personagem 1 e, na seqüência, o personagem 2, retoma-se a menção do personagem inicialmente apresentado e assim se prossegue indefinidamente até o último personagem, sempre indo adiante e apresentando um novo personagem e depois retroagindo à série de personagens que já foram apresentados, revelando através deste jogo de construção & desconstrução uma cadeia de relações e mostrando exatamente qual o lugar de cada personagem dentro desta cadeia – ou, senão isto, pelo menos pontuando, através de um refrão que soa inicialmente cômico, quais são os personagens e quais são as relações que se estabelecem entre eles e que, no fim, formam um elo, uma grande engrenagem.

Se dizer que a maneira como o filme é narrado é como um quebra-cabeça onde há uma série de monta-e-desmonta, e se dizer isto soa arbitrário dado que não ocorre a todo o momento, prestemos atenção pelo menos ao fato de que, a cada vez que um personagem é apresentado, mostra-se a série de relações que ele mantém com outros que normalmente estão a sua volta, de modo que ao apresentar o personagem e a sua circunvizinhança natural, o seu contorno, sempre se revela a maneira como ele está atado ao personagem seguinte e aos outros que vão aparecendo, de modo que – o que sempre fica em evidência – é o elo que os une e como eles participam da engrenagem.

Elo, cadeia, engrenagem: estas talvez sejam palavras imprecisas, mas que uso para aludir ao fato de que, aos poucos, a própria montagem do filme vai – junto com o enredo – construindo um verdadeiro ecossistema das relações que se estabelecem entre os fatores apresentados, tal como tento ilustrar abaixo:
lixo ------------ TOMATE --------- SR. SUZIKI ------------- SUPERMERCADO
lixo ------------- PORCO ---------- DONA ANETE --------- FÁBRICA DE PERFUMES

fora da ordem ---- ordem natural --- ordem humana ------ ordem econômica

Afinal, se o tomate e o porco podem ser situados numa ordem que chamo de natural, e o Sr. Suzuki e a Dona Janete numa ordem que chamo de humana, e o supermercado e a fábrica de perfumes numa ordem que chamo de econômica, não deveria o lixo ficar justamente numa situação chamada fora de ordem, visto que ele é levado para bem longe da cidade, para fora do continente, onde justamente se situa a Ilha das Flores?

Acredito que sim. No entanto, mesmo que este esquema não ilustre a estrutura básica do ecossistema do qual estou tentando falar, é, via de regra, um verdadeiro ecossistema que se revela e se mostra através da construção e da montagem tão particular de que o cineasta se utilizou para narrar o filme – e só por isso ele se torna digno de atenção.

No mais, o que torna este filme deveras interessante é que a maneira como a história é contada coincide com o próprio assunto abordado, e isto de um modo tão magistral que, juntos, forma e conteúdo, se propõem a revelar e desvelar um mesmo tema: o equilíbrio (ou desequilíbrio) de um ecossistema. Afinal, do ponto de vista do argumento, o assunto do qual se trata não é o da formação de um ecossistema que se vê subitamente abalado por um fator que passa a entrar no jogo (o dinheiro) e que acaba por inverter a ordem natural das coisas? E o que falar da forma especial como este argumento é tratado e que, de parte em parte, vai mostrando todos os elementos integrantes de um todo, construindo assim – através da própria técnica de montagem – um verdadeiro ecossistema de imagens interligadas, tal como num caleidoscópio, dentro do qual todas as pecinhas interagem?

Esta é a tese que pretendo defender: neste filme, conteúdo & forma estão unidos de forma tão indissolúvel que aquele assunto do qual o argumento trata é o mesmo que se reflete nas imagens utilizadas, e vice-versa, de modo que o próprio tratamento dado às imagens traduz o assunto do qual se ocupa o argumento. Um não vive sem o outro, e o outro não vive sem o um, como os dois lados de uma coisa comum - o que faz com que a estrutura estética desta obra possa ser chamada de especular. Afinal, o que se reflete ali, se reflete lá, como num jogo de luz casado e contínuo.

E, só por isso, Ilha das Flores, se torna um filme tão interessante, digno de uma análise mais profunda, do qual este ensaio pretende ser apenas uma introdução.


Ilha das Flores: símbolo do desequilíbrio cósmico

Mas se as observações que faço soam arbitrárias, e se o tema do equilíbrio & desequilíbrio sistêmicos não estão presentes tanto no roteiro quanto na montagem, é de se considerar e perguntar sobre uma imagem fundamental que se torna recorrente ao longo do filme, formando quase que um refrão: o planeta Terra em movimento de rotação, girando em torno do seu próprio eixo. Ela aparece em trechos significativos:
· na própria abertura do filme (o que o coloca numa posição de destaque), tornando-se símbolo de algo que ainda não sabe muito bem o que é – mas que se espera que o filme venha a revelar;
· implícito na menção da latitude e longitude de Belém Novo, lugar onde se situa a plantação de tomates, cenário onde se inicia a história;
· no momento em que se demonstra literalmente que um dia equivale ao tempo que a Terra leva para girar em torno do seu próprio eixo, sendo pois o fator responsável pela formação das nossas horas e de como distribuímos os nossos afazeres ao longo desta jornada;
· segundos antes em que a imagem de uma lente de um microscópio contendo germes em movimento é rapidamente exibida, justamente no trecho em que se mostra como as doenças “acabam prejudicando o bom funcionamento dos seres humanos”, sendo que a forma circular da lente do microscópio é superposta à forma circular do nosso planeta Terra, traçando assim um paralelo entre o macrocosmo e o microcosmo e prefaciando aquilo que acredito ser o tema do filme: o equilíbrio cósmico. Ou o seu desequilíbrio.

Aliás, a forma circular é, por excelência, o símbolo retomado ao longo de todo o filme, sendo o movimento de rotação da Terra somente uma de suas variantes. Ele aparece, por exemplo:
· personificado no próprio tomate que tem uma forma arredondada e que, por mais simples e inócuo que seja, é comparado em certo momento a uma nuvem da bomba atômica, estabelecendo outro paralelo de equilíbrio natural e desequilíbrio anti-natural – além, é claro, de sua versão ora madura, ora estragada, que personifica ora uma situação de equilíbrio e, ora, uma situação de desequilíbrio;
· personificado pelo teleencéfalo humano, dentro do qual várias imagens se processam, como um caleidoscópio;
· no esquema traduzindo a proporção existente entre a produção de tomates do Sr. Suzuki e a produção brasileira que, por sua vez, é medida dentro da escala da produção mundial;
· na maneira como o dinheiro e os vários artefatos da produção humana vão se conjugando e empilhando, revelando uma grande espiral de imagens que acaba sendo coroada no centro por um slogan publicitário que anuncia: “Bruna, você usa soutien com lycra?”;
· traduzida na maneira quase que enciclopédica com que o filme é narrado ( kyklos = círculo + paidos = educação, cultura, formação da mente humana);
· personificado no relógio que realiza a contagem do tempo;
· na própria concepção de ilha, que é definida como uma porção de terra cercada de água por todos os lados.
No entanto, o que devemos considerar é que a forma circular, e mais propriamente o círculo, é o símbolo por excelência da perfeição, da coisa inteira, tendo sempre um centro e uma periferia, sendo o seu centro invisível e o seu contorno periférico a circunferência propriamente dita. Esta invisibilidade do centro sempre foi interpretada - pelas cosmovisões tradicionais – como o Princípio Maior de onde tudo se origina, e o traçado circunferente como a inesgotabilidade e variedade da manifestação do Princípio Maior, e que descreve propriamente o Mundo. Por isso, dentro da concepção simbólica das cosmovisões tradicionais, a circunferência é o símbolo do mundo em sua imensa variedade e multiplicidade, enquanto o seu centro (invisível) é o símbolo de uma ordem suprema de onde tudo se origina e para onde tudo converte.

Levando em conta essa concepção, parece que o filme trata à princípio do equilíbrio e do desequilíbrio cósmicos – mas não no sentido ecológico como geralmente interpretamos o bom ou o mal andamento do nosso sistema terrestre. E isto porque a imagem do planeta girando pontua no filme uma ordem em torno da qual tudo deveria girar mas que, estando ausente, permite justamente que a ordem natural das coisas se inverta, o caos se estabeleça e apareçam lugares tal como a Ilha das Flores.

E que ordem faltante é esta? Se não há como se recordar, saibam que esta informação já está dada no próprio início da película; aliás, antes mesmo que a primeira imagem se apresente e que é, como disse, a de um globo girando. No início do filme, são exibidas três frases sobre um fundo preto, cada uma por sua vez, e que acabam dando à história uma outra conotação do que esta até então apresentada:
Primeira Frase: “Este não é um filme de ficção”.
Segunda Frase: “Existe um lugar chamado Ilha das Flores”.
Terceira Frase: “Deus não existe”.

A ordem faltante é aquela que podemos depreender desta terceira frase, e pela tragédia do que ela significa mas que talvez sequer atentamos a medida que o filme vai prosseguindo: a ordem faltante é Deus. É de cunho espiritual. E é pela sua ausência que assistimos a tragédia como a que acontece em Ilha das Flores.

Mas, antes mesmo que esta exposição se mostre subitamente absurda e se torne apologética e enfadonha, devemos nos lembrar que, na cosmovisão antiga ou medieval, há uma noção da realidade dividida em 3 planos superpostos, a saber:

Idade Média ---- CORPO ------------------- ALMA ----------------- ESPÍRITO
Cristianismo ---- NATURA ----------------- HOMO ------------------ CÉU
Grécia ------------- PHYSIS ------------------ ETHOS ---------------- LOGOS

--------------------- ordem terrestre -------- ordem humana ------- ordem celeste
Dentro desta cosmovisão, concebia-se que a ordem suprema era a ordem celeste (aquela que estava para além da esfera astronômica), e que toda ordem natural e humana deveria se espelhar e copiar a ordem espiritual, de modo que uma sociedade considerada ordenada e equilibrada seria aquela que procurasse ser à imagem da esfera celeste ou espiritual. Temos um exemplo disso na fundação das cidades segundo o rito que os romanos haviam recebido dos etruscos, e também na repartição dada aos próprios acampamentos pelos hebreus que, mais tarde, se estendeu ao território de todo o país (1) [i].
Não parece, pois, que é este tipo de paralelo que o filme tenta estabelecer: um paralelo entre a ordem social e a ordem cósmica, tal como entendida pelas cosmovisões tradicionais? Se assim for (e acredito que seja), se torna necessário acrescentar ao esquema anteriormente elaborado este grandessíssimo fator ausente da sociedade moderna, de modo que passamos a ter a seguinte configuração sistêmica:
fora da ordem: lixo

ordem natural:
tomate, porco
ordem humana: Sr, Suzuki, Dona Anete
ordem econômica:
Supermercado, Fábrica de Perfumes

ordem espiritual: Deus

Ademais, somente esta configuração pode ser exata, visto que a supressão de um dos pólos (Deus) significa necessariamente a inflação do pólo oposto (o Lixo). Poderíamos , assim, conceber o Lixo como uma ordem que – pela supressão da ordem espiritual – acaba tomando a dianteira, substituindo-a definitivamente. Já disseram que vivemos num mundo sem Deus. Talvez isto seja o mesmo que dizer que vivemos na era do Lixo (2) [ii], onde tudo se torna descartável, inclusive o homem.
Não seria, pois, a Ilha das Flores um filme que mostra como os fatores de diversas ordens vão se interagindo dentro de uma seqüência específica e que, na ausência de um Fator Determinante, acaba criando uma nova ordem, uma ordem avulsa e à parte de todo o ecossistema, que expressa a inversão de tudo e que age tal como uma doença?

Creio que sim. E se a mensagem é esta, que ela sirva de alerta para o modo como há séculos estamos dispondo das nossas horas e distribuindo os nossos afazeres ao longo desta jornada que, no final das contas, se chama vida. Afinal, mesmo que durante os créditos finais apareçam frases que lembrem que este filme, na verdade, foi feito por Jorge Furtado, e que a última frase do texto, na verdade, é do “Romanceiro da Inconfidência” da Cecília Meireles, e que os temas musicais, na verdade, foram extraídos do “Guarani” de Carlos Gomes, e que os personagens, na verdade, são tais e tais atores, e que, na verdade, a maior parte das locações foi rodada na Ilha dos Marinheiros, a dois quilômetros da Ilha das Flores - todo o restante da obra ficcionada se configura como sendo extremamente verdadeira, tal como o filme anuncia: “o resto é verdade”.
É com esta frase que se fecha a exibição do filme. Aliás, é também assim que ele começa: lembram-se da frase inicial? De que “este não é um filme de ficção”.

E não é mesmo.
bibliografia
[i] (1) vide SÍMBOLOS DA CIÊNCIA SAGRADA, de René Guénon, Ed. Pensamento, 1993, página 88
[ii] (2) vide A CRISE DO MUNDO MODERNO, de René Guénon, Ed Veja, Lisboa, 1977, em especial o capítulo A Idade Sombria

Um comentário:

Antonio César Gomes da Silva disse...

Depois de ter assistido pela enésima vez este curta cheguei a conclusão que para ser racional é preciso além de ter o teleencéfalo altamente desenvolvido e um polegar opositor os olhos abertos para a realidade, pois a grande maioria dos humanos usam cabrestos invisíveis impedindo-os de raciocinar.